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Sistema de Unidades de Conservação do Tocantins completa 17 anos

jan. 13, 2023

SEUC completa aniversário com o desafio de resolver as questões fundiárias e implantar alternativas socioeconômicas viáveis naquelas áreas destinadas ao uso sustentável
ANGÉLICA BEATRIZ CORRÊA GONÇALVES · FÁTIMA DO SOCORRO GOMES COSTA · MAURICIO JOSÉ ALEXANDRE DE ARAÚJO

Instrumento legal de estímulo à proteção da biodiversidade, o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza do Estado do Tocantins (SEUC) chega ao seu 17º ano em 05 de Abril de 2022, comemorando as Unidades de Conservação (UC) já criadas, porém, permanecendo com o dever de resolver as questões fundiárias, implantar alternativas socioeconômicas viáveis naquelas áreas destinadas ao uso sustentável, bem como a ordenação dos serviços de Uso Público onde o turismo se destaca ou tem potencial, questões complexas e que precisam encontrar soluções que passem pelo bem estar das comunidades envolvidas, atores chaves na proteção dos ambientes naturais resguardados nas Unidades de Conservação.

Embora o SEUC tenha sido instituído no ano de 2005, abrangendo as unidades estaduais e municipais, o estado iniciou a criação de suas unidades já no ano de 1997, criando três Áreas de Proteção Ambiental (APA): APA Serra do Lajeado, APA da Foz do Rio Santa Tereza e APA da Ilha do Bananal/Cantão, culminando com as últimas UC estaduais criadas, o Parque Estadual do Lajeado e o Parque Estadual do Jalapão, no ano de 2001.

Atualmente o Tocantins tem, no domínio estadual, três parques, nove áreas de proteção ambiental (APA) e um monumento natural. No domínio municipal são quatro áreas de proteção ambiental (APA), um parque e dois monumentos naturais, sendo um deles o Monumento Natural Serra de Natividade, criado no ano de 2018, último ano em que uma UC foi criada no âmbito do SEUC.

Além das unidades de conservação das esferas estadual e municipal, no território tocantinense existem também as unidades de conservação de domínio federal, regidas por instrumento próprio, o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), com a primeira delas criada no ano de 1959, o emblemático Parque Nacional do Araguaia, na Ilha do Bananal. Quando somadas as UC criadas no Estado do Tocantins, de domínio federal, estadual e municipal, temos uma área protegida que totaliza 2.566.816,1169 há ou, 9,24% da área total do Tocantins, pertencente ao grupo de Uso Sustentável (uso direto dos recursos naturais). Já as unidades de conservação do grupo de Proteção Integral (uso indireto dos recursos naturais) representam 5,78% do total, ou 1.605.846,9476 ha.

Dessa forma, somados os dois grupos, as unidades de conservação da natureza abrangem 15,02% da área total do Tocantins, protegendo majoritariamente ambientes do bioma Cerrado e, em menor parte, ambientes de transição entre Cerrado e Amazônia, e Cerrado e Caatinga, totalizando 10,15% sob a égide do SEUC.

Desafios de gestão
Ao longo desses 17 anos fica claro o quão importante tem sido lutar pela manutenção desses ambientes, dado o avanço do desmatamento e comprometimento do Bioma Cerrado. Apesar de sua resiliência, o Cerrado sofre as agruras do avanço da fronteira agrícola, dos impactos dos incêndios florestais e da perda de espécies e hábitats pelos mais variados motivos.

Todo o esforço já dedicado para manter essas áreas protegidas ainda carece de muitas conquistas institucionais no sentido de promover, por exemplo, um quadro técnico efetivo e permanente de servidores necessários à gestão do sistema, em especial aqueles dedicados às atividades diretas de gestão, manejo e proteção desse patrimônio ambiental. Outra demanda relevante passa pela necessidade de regularização fundiária dos três parques (Cantão, Jalapão e Lajeado) e do Monumento Natural das Árvores Fossilizadas, criados há mais de 20 anos, situação que agrava e limita a implementação dessas unidades, a exemplo de ações efetivas de proteção.

Alia-se a esta demanda a necessidade constante de promover práticas econômicas alternativas que visem estimular as populações residentes ou do entorno a desenvolver atividades que incrementem suas rendas, gerando o menor impacto ao ambiente natural.

Nesse sentido, pesa ao estado a reversão de um processo malsucedido de implantação de concessão de serviços no âmbito dos programas de uso público dos parques estaduais e do monumento natural, que foi equivocadamente confundido com “privatização de parques”. Processo esse que, uma vez conduzido em conformidade com as normas e a devida transparência, poderia garantir não só a proteção dos ambientes utilizados como atrativo turístico nas UC, mas também teria o potencial de promover a geração de renda local por meio do ordenamento qualificado do turismo.

E nesta conta de demandas, é importante ressaltar as unidades não criadas, embora seus estudos e consultas públicas tenham sido realizadas entre os anos de 2010 a 2014. São elas: o Monumento Natural da Serra da Cangalha, que iria proteger um fenômeno natural de uma cicatriz no solo formada pela queda de um meteoro, no município de Campos Lindos, na região nordeste; e o Parque Estadual Águas de Paranã, no sudeste, planejado para resguardar a região de mais alto relevo do estado, característica de cerrado rupestre e divisor de águas na fronteira de Tocantins e Goiás. Com proposta de criação aprovada junto ao Conselho Estadual de Meio Ambiente (COEMA), havia uma terceira unidade a ser criada na região do Vale do Rio Palmeira, visando contribuir com a proteção de uma importante bacia hidrográfica, além de remanescentes de mata seca, um dos ecossistemas mais ameaçados no país. Faltou determinação política para efetivar esses processos que seguem ausentes das pautas institucionais.

Apesar da importância de comemorar o montante protegido, vale destacar que muito ainda está por fazer, e que o Estado peca ao não priorizar a gestão efetiva de algumas dessas áreas, especialmente as APAs, que além de trazer possibilidades de gestão socioambiental para as regiões contempladas geraria segurança jurídica para as pessoas residentes que se sentem afetadas.

A esperança que nunca morre
Embora o Brasil passe em tempos recentes por diversas fragilidades ambientais, com desmonte de políticas públicas de extrema importância para a conservação da natureza, não podemos e não devemos perder a nossa animosidade em relação à efetiva proteção das nossas unidades de conservação, primando pela manutenção e fortalecimento do nosso fragilizado mas relevante e histórico SEUC.

Nesta data comemorativa reforçamos o chamado aos tocantinenses para conhecer e cuidar das UC, acreditando que a atuação permanente da sociedade civil atenta e vigilante é fundamental para que se façam cumprir os objetivos de criação das Unidades de Conservação da Natureza, das quais somos os maiores beneficiários, mesmo que muitos não saibam disso.

OBS: As informações sobre todas as Unidades de Conservação da Natureza do Tocantins são públicas. Todas as pessoas interessadas podem saber mais sobre elas acessando o link http://gesto.to.gov.br/ E para conhecer mais ainda sobre a localização das Unidades de Conservação da Natureza e outras áreas protegidas, por exemplo, as Terras Indígenas, acesse outro link público que é: https://www.to.gov.br/seplan/areas-de-uso-legal-restrito/24mbxairz33x.

Apoiam esse movimento:
ASSOCIAÇÃO ONÇA D’ÁGUA – De apoio à Gestão e ao Manejo das Unidades de Conservação da Natureza do Tocantins. Há 19 anos voluntariando pela proteção do Cerrado aoncadagua@gmail.com

ATOBIO – Associação Tocantinense dos Biólogos. Há 12 anos contribuindo e propondo soluções alternativas às questões ambientais do Estado atobio2010@gmail.com

(Repostagem de matéria publicada em O Eco, em 5/4/2022)
Por Kiw Assessoria 10 mai., 2024
A Câmara Municipal de Caseara do Tocantins aprovou, no dia 26 de abril, o projeto de Lei nº 001, de 25 de março de 2024, que estabelece a inclusão dos frutos do Cerrado na merenda escolar das escolas da rede de ensino público municipal. O projeto foi proposto pela vereadora Maria Angela Gomes de Oliveira Silva, componente da Associação de Mulheres Agroextrativistas da APA Cantão (AMA Cantão), integrante do projeto Coalizão Vozes do Tocantins. A iniciativa visa valorizar o potencial econômico dos frutos do Cerrado da região, evidenciando a diversidade e a importância dos recursos naturais do Tocantins. Além disso, busca incentivar hábitos alimentares saudáveis, uma vez que os frutos do Cerrado são ricos em nutrientes, vitaminas, minerais e antioxidantes, conferindo inúmeros benefícios para a saúde. A medida também valoriza as tradições alimentares locais, proporcionando uma fonte adicional de renda para agricultores familiares e extrativistas. Ademais, fomenta práticas de gestão ambiental e promove um modelo de produção e consumo de alimentos com bases sustentáveis. Para a vereadora Maria Angela Gomes de Oliveira Silva, a aprovação representa um avanço significativo para a qualidade da merenda escolar. "Nossos alunos vão estar se alimentando de frutos de qualidade e adotando uma alimentação saudável, além da valorização dos produtos locais da nossa região", ressalta. Ela explica que, antes de se tornar lei, a proposta tinha sido sugerida ao Conselho da Alimentação Escolar, porém não avançou. Então surgiu a ideia de levar o projeto para a Câmara. "Graças a Deus, foi aprovado por unanimidade. Além disso, o presidente da Câmara também propôs o projeto de lei e espera que venha servir de exemplo para os demais municípios do Tocantins como uma alternativa aos sucos artificiais ou aqueles que são vendidos em caixas e garrafas, a maioria deles com algum tipo de conservante, aproveitando, buscando os produtos que estão na natureza e oferecem uma enorme riqueza nutricional, contribuindo para a nossa saúde", diz. O fornecimento dos frutos do Cerrado na merenda escolar, que será destinada ao consumo dos estudantes regularmente matriculados, complementando os programas já existentes para o fornecimento de merenda escolar, será custeado por dotações orçamentárias próprias, distribuídas à disponibilidade nas unidades escolares do município. Maria Angela ressalta a importância fundamental da aprovação do projeto de lei para a AMA Cantão. "Esta conquista representa um marco significativo para nossa associação, pois concretiza o sonho compartilhado por todas nós de contar com um espaço regularizado para comercializar nossos produtos. Ao ser introduzido nas escolas, o projeto não apenas garante a expansão de nossa base de clientes, mas também cultiva um novo público consumidor. O ensino precoce desses valores alimenta uma consciência desde a infância, garantindo que, à medida que cresçam, essas gerações se acostumem a utilizar nossos produtos e apoiar nossas ações”, enfatiza. "A luta pela defesa do Cerrado é uma batalha de longa data, travada há muitos anos por essas mulheres. A nova lei representa um fortalecimento significativo para a AMA Cantão e para todas as mulheres agroextrativistas, inclusive aquelas que ainda não fazem parte do grupo mas que podem se unir a essa associação", concluiu a vereadora. Foto: Freepik
Por Kiw Assessoria 02 abr., 2024
Nos dias 30 e 31 de março, cerca de 20 jovens dos Assentamentos Onalício Barros e do Acampamento Beatriz Bandeira, localizados nas proximidades do Parque Estadual do Cantão, no território da Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha do Bananal/Cantão, em Caseara/TO, reuniram-se para a 1ª Roda de Conversa do projeto JOVEM CERRADO, o que marcou um importante passo em direção ao fortalecimento das capacidades de atuação e incidência da juventude frente às questões socioambientais da região. Angélica Beatriz, voluntária da Associação Onça D'água, organização apoiadora do evento, detalha que o momento proporcionou um ambiente para a troca de experiências e aprendizado, com foco em temas de conotação emergencial como Justiça Climática, Agroextrativismo, Sustentabilidade e Comunicação Popular. “Atividades educativas não-formais foram praticadas, facilitando a compreensão da cultura política, estimulando a busca do conhecimento e do pertencimento, debatendo as interações entre os seres humanos e o ambiente natural”, aponta. A jovem Natália, do acampamento Beatriz Bandeira, conta que o espaço de diálogos trouxe muitos conhecimentos e fomentou outros, os quais irá disseminar para os outros jovens de sua comunidade. “Pude aprender muito mais sobre o Cerrado e formas de preservar a natureza e tudo o que ela proporciona em nossas vidas”, relata.
Por Angélica Beatriz 18 mar., 2024
As Unidades de Conservação da Natureza, espaços naturais legalmente protegidos, são, sem sombra de dúvidas, um dos mais importantes instrumentos para a proteção da biodiversidade e, consequentemente, para o ordenamento territorial, engajamento social e manutenção do patrimônio histórico e cultural, dentre outros. Assim, a bióloga e voluntária da Associação Onça D'água, Angélica Beatriz, deu início ao conteúdo do Catálogo de Arte Rupestre da Área de Proteção Ambiental (APA) Serra do Lajeado, reconhecendo a relevante atribuição das áreas protegidas em um contexto socioambiental e neste produto foi dada ênfase a esta APA, localizada no coração do Tocantins, nas franjas da capital do Estado. A categoria de manejo de unidade de conservação denominada "APA" traz em si a oportunidade de um justo compartilhamento de responsabilidades sobre os ambientes naturais e o seu uso sustentável por todos os segmentos que se localizam em seus limites. Sejam municípios, produtores, empresas, a sociedade como um todo, a todos cabe o cumprimento das normas estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, que tendem ao alcance do bem comum e dos direitos difusos.
Por O ECO 05 mar., 2024
Os episódios ocorridos no segundo semestre de 2023 envolvendo as queimadas na Amazônia e a política ambiental do Brasil trouxeram para o debate vários questionamentos, dúvidas e, até mesmo, ataques sobre o papel e a função das Organizações Não Governamentais (ONGs) na região, especialmente em relação ao uso de recursos do Fundo Amazônia, geridos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Neste contexto, três pontos são importantes salientar. O primeiro, é que muitas ONGs foram criadas e consolidaram seus papéis e relevância bem antes da instituição do Fundo Amazônia. O segundo, e ao contrário do que muitas pessoas pensam, é que não é tão fácil acessar os recursos do Fundo Amazônia. Os critérios para seleção e apoio são extremamente rigorosos, ou seja, somente organizações bem estruturadas e com excelente reputação e capacidade de execução conseguem ter projetos apoiados. O ponto três é que a maior fatia dos recursos internacionais advindos do fundo é destinada aos órgãos governamentais (54%) e os 43% acessados pelo terceiro setor incluem ONGs, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), entidades filantrópicas e outras formas de associação sem fins lucrativos que atuam na Amazônia. As ONGs tiveram, têm e continuarão a ter um desempenho muito importante na implementação de ações voltadas para o desenvolvimento socioambiental da Amazônia, em certos contextos, em complemento às iniciativas de melhoria da qualidade de vida e conservação dos recursos naturais em territórios e comunidades remotas, atendendo populações que estão em ambiente isolados e que não têm acesso a políticas públicas básicas, que são direitos constituídos, como saúde, educação, comunicação, energia e outros. Historicamente, as ONGs desenvolvem programas e projetos que visam atender populações em situação de vulnerabilidade social, econômica e ambiental e, na Amazônia, há diversas, mas iremos citar cinco grandes exemplos de instituições sérias e consolidadas que estão na vanguarda do desenvolvimento sustentável regional, sempre atentas ao fortalecimento das comunidades e na melhoria da qualidade de vida dos amazônidas. O primeiro exemplo vem do Oeste do Pará, em Santarém, onde está localizado o Projeto Saúde e Alegria – PSA (www.saudeealegria.org.br). Há mais de 30 anos, o projeto desenvolve ações voltadas à saúde, geração de renda, educação, cultura, inclusão digital e empreendedorismo para as populações ribeirinhas da Resex Tapajós-Arapiuns e Flona do Tapajós. As ações de saúde realizadas nessa região inspiraram políticas públicas para os biomas Amazônia e Pantanal de tão relevantes que foram os resultados. Em especial, a redução da desnutrição infantil. Recentemente, o projeto plantou mais de 73 mil mudas frutíferas e florestais para fins de reflorestamento e enriquecimento de florestas e quintais florestais; em 2019, foram 33.180 novas mudas produzidas.
Por Kiw Assessoria 01 fev., 2024
Colaboração entre ICMBio e Serviço Geológico Brasileiro viabilizou iniciativa Em parceria com o Serviço Geológico do Brasil - SGB, foi desenvolvido um acesso virtual que permite visualizar o importante acervo geológico, arqueológico e de grande biodiversidade do Parque Nacional da Serra da Capivara, unidade de conservação com sede localizada no município de São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, que protege importante patrimônio, com alguns dos vestígios mais antigos da presença humana no Brasil e nas Américas. Pelo seu valor histórico e cultural, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi declarado pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade. “Esta é uma iniciativa do Departamento de Gestão Territorial que visa levar informações geocientíficas de Parques Nacionais e de áreas afins para os gestores e aos visitantes dessas áreas. Dotado de uma linguagem cidadã, esperamos que este produto possa enriquecer as experiências dos visitantes e fortalecer iniciativas do Parna da Serra da Capivara”, afirma Diogo Rodrigues A. da Silva, Chefe do Departamento de Gestão Territorial – DEGET/SGB. Para a chefe da unidade de conservação, Marian Rodrigues, "o passeio virtual no Parque Nacional da Serra da Capivara é de suma importância, pois oferece acesso global à nossa rica herança cultural, possibilitando a apreciação e compreensão da região, promovendo a preservação digital e ampliando a visibilidade nacional e internacional”. O acesso ao passeio virtual pode ser feito pelo link (AQUI) que também está disponível na bio do Instagram do Parque Nacional da Serra da Capivara. Por meio dele é possível desbravar em detalhes a pré-história, a história, a biodiversidade e as pinturas rupestres gravadas nos diversos paredões da unidade. Fonte: ICMBio
17 jan., 2024
Com uma vida dedicada à conservação da natureza, Maria Tereza Jorge Pádua, a “mãe dos parques nacionais”, fala sobre sua carreira, conquistas e o Brasil que deseja Maria Tereza Jorge Pádua não sabe precisar quando começou a ser pioneira. Mas é o que foi durante toda a vida, enquanto abria caminhos na conservação e liderava equipes responsáveis pela criação das primeiras grandes áreas protegidas na Amazônia. Seu legado se estende por mais de 8 milhões de hectares hoje protegidos no país e inclui unidades de conservação emblemáticas como Trombetas, Chapada Diamantina e Atol das Rocas. Fã de carteirinha de Euclides da Cunha e seus “sertões” e com um nome já cimentado na história ambiental da conservação do país, Maria Tereza conversou com ((o))eco sobre carreira, universidade, culinária e, claro, meio ambiente. Maria Tereza já havia nos concedido uma entrevista por videoconferência em 2021 e, no final de 2023, voltamos a conversar com a ambientalista. Na primeira ocasião, os jornalistas Aldem Bourscheit, Daniele Bragança, Duda Menegassi e Paulina Chamorro passaram duas horas fazendo todo tipo de pergunta. O farto material não foi publicado. Na ocasião, Maria Tereza estava pessimista em relação ao país e lamentava ter que ver o retrocesso de 50 anos na área da conservação imposta pelo governo Bolsonaro: “O presidente que nós temos não sabe o que fala na área de conservação da natureza. É uma pena, é uma vergonha para nós todos”, disse na ocasião. Ouvi a entrevista na íntegra e retomei a conversa como se tivesse participado da primeira, mas não tocamos no tema política e falamos pouco sobre criação de unidades de conservação, o feito pela qual é mais conhecida e que possui inúmeros materiais escritos, inclusive aqui em ((o))eco. A ideia era falar mais sobre a Maria Tereza que está além da funcionária dedicada do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal que liderou a criação de mais de 20 Unidades de Conservação no país, como os Parques Nacionais da Amazônia, Cabo Orange e Serra da Canastra, além das Reservas Biológicas de Atol das Rocas, Rio Trombetas e Poço das Antas, para ficar apenas em seis exemplos. Após algumas tentativas, finalmente a videochamada dá certo e a entrevista começa. Do outro lado da tela, vemos uma senhora de cabelos castanhos brilhosos, dona de uma gargalhada contagiante, sem se importar com as dificuldades que encontramos para a nossa entrevista iniciar. Lá estava Maria Tereza Jorge Pádua, direto do Peru, onde há mais de vinte anos passa metade do tempo – ela é casada com o ecologista peruano Marc Dourojeanni, professor emérito da Universidade Nacional Agrária de Lima. Há vinte anos, eles vivem uma rotina que é dividida entre Lima e Brasília. Aos 80 anos de idade, Maria Tereza continua ativa. Hoje, além de palestras e artigos escritos, faz parte do Conselho da Associação O Eco, membro do Conselho da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e da comissão mundial de Parques Nacionais da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN).
Por Kiw Assessoria 07 dez., 2023
Campanha pretende sensibilizar comunidade internacional para a importância de preservar o Cerrado e seus povos e comunidades
Por Amanda Riesemberg 24 nov., 2023
A Associação Onça D'Água realizou, no último dia 18 de novembro, uma Oficina de Elaboração de Projetos como parte integrante do projeto "Redes de Iniciativas Produtivas Sustentáveis em Áreas de Proteção Ambiental no Tocantins". Essa iniciativa atendeu a uma demanda dos beneficiários da APA Serra do Lajeado e da região das Serras Gerais, visando fortalecer as práticas de gestão organizacional por meio da submissão de projetos em editais de potenciais financiadores no campo socioambiental. Sob a orientação das profissionais Angélica Beatriz e Ediclea Araújo, voluntárias e membros do Conselho Administrativo da Onça D'Água, a oficina adotou uma abordagem prática, baseada na premissa de "aprender fazendo". Os participantes foram incentivados a construir suas propostas por meio de processos de construção do conhecimento, debates colaborativos e entendimento das demandas locais.
Por Aldem Bourscheit 22 nov., 2023
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e ((o))eco estimaram em primeira mão quanto carbono há na vegetação das unidades de conservação terrestres no país. O trabalho conecta as agendas globais de proteção do clima e da biodiversidade. Parques e outras reservas ecológicas federais, estaduais e municipais, em terras públicas e privadas, cobrem por volta de 18% do território continental ou quase 1,6 milhão de km2 na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa. A área é similar à do Amazonas. Essas reservas compõem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) , cujas principais atribuições incluem manter a biodiversidade e os recursos genéticos do país. Mas, esse patrimônio público também é peça-chave para equilibrar o clima. A vegetação acima e abaixo do solo nessas áreas guarda ao menos 19 gigatoneladas (Gt) de carbono, análogas a 28 anos de emissões nacionais de CO2, gás que amplia o efeito estufa e eleva a temperatura global. Em 2021, o país emitiu 2,42 Gt de CO2 equivalente , taxa que reúne outros gases que afetam o clima. “É fundamental essa conversa entre as agendas climática e de biodiversidade no Brasil, onde as perdas de vegetação nativa são a maior fonte de emissões de gases-estufa”, destaca Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam e doutora em Recursos Florestais e Conservação pela Universidade da Flórida.
Por Sarah Pires 06 nov., 2023
Numa busca conceitual para compreender a dimensão do termo “voluntariado” ou sobre aquele que pratica o voluntariado, encontrei uma diversidade de definições e destaquei algumas que me chamaram a atenção, por exemplo esta, de autoria de Mônica Corullón (Voluntários-Programa de estímulo ao trabalho voluntário no Brasil. São Paulo: Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, 1996): “O voluntário é um ator social e agente de transformação , que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade, doando seu tempo e conhecimentos, realizando um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário , atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais , sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional”. Seguindo a busca, fui instigada a ir mais além e tentar compreender as motivações daqueles que se dedicam ao voluntariado e encontrei uma lista longa de motivos, dentre eles dois de muito significado para mim (da mesma autora citada acima), que são: a doação de tempo e esforço como resposta a uma inquietação interior que é levada à prática (cunho pessoal), e a tomada de consciência dos problemas ao se enfrentar com a realidade, o que leva à luta por um ideal ou ao comprometimento com uma causa (cunho social). A autora descreve ainda que “o potencial transformador das atitudes voluntárias representam o crescimento interior do próprio indivíduo ”. Outro autor, Miguel Darcy de Oliveira (Centros de voluntários: transformando necessidades em oportunidades de ação. São Paulo: Programa Voluntários do Conselho da Comunidade Solidária) , diz o seguinte: “O voluntariado que nasce deste encontro da solidariedade com a cidadania não substitui o Estado nem se choca com o trabalho remunerado mas exprime, isto sim, a c apacidade da sociedade de assumir responsabilidades e de agir por si mesma ” E mais: “O trabalho voluntário é também, cada vez mais, uma via de mão dupla: não só generosidade e doação, mas também abertura a novas experiências , oportunidade de aprendizado, prazer de se sentir útil , criação de novos vínculos de pertencimento, afirmação do sentido comunitário ” E como se dá o voluntariado e quantos são no Brasil? Como isso acontece? Algumas respostas a esses questionamentos foram encontradas no e-book intitulado “Voluntariado no Brasil: duas décadas de transformação”, pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha e Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS, lançado no ano de 2022, que revelou que o percentual da população brasileira que já praticou o voluntariado em algum momento de sua vida passou de 18% em 2001 para 56% em 2021, registrando um total de 57 milhões de voluntários ativos.
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