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Maria Tereza Jorge Pádua, a mulher que criou 8 milhões de hectares em áreas protegidas no Brasil

jan. 17, 2024

Maria Tereza Jorge Pádua, a mulher que criou 8 milhões de hectares em áreas protegidas no Brasil

Com uma vida dedicada à conservação da natureza, Maria Tereza Jorge Pádua, a “mãe dos parques nacionais”, fala sobre sua carreira, conquistas e o Brasil que deseja

Maria Tereza Jorge Pádua não sabe precisar quando começou a ser pioneira. Mas é o que foi durante toda a vida, enquanto abria caminhos na conservação e liderava equipes responsáveis pela criação das primeiras grandes áreas protegidas na Amazônia. Seu legado se estende por mais de 8 milhões de hectares hoje protegidos no país e inclui unidades de conservação emblemáticas como Trombetas, Chapada Diamantina e Atol das Rocas. Fã de carteirinha de Euclides da Cunha e seus “sertões” e com um nome já cimentado na história ambiental da conservação do país, Maria Tereza conversou com ((o))eco sobre carreira, universidade, culinária e, claro, meio ambiente. 

Maria Tereza já havia nos concedido uma entrevista por videoconferência em 2021 e, no final de 2023, voltamos a conversar com a ambientalista. Na primeira ocasião, os jornalistas Aldem Bourscheit, Daniele Bragança, Duda Menegassi e Paulina Chamorro passaram duas horas fazendo todo tipo de pergunta. O farto material não foi publicado. Na ocasião, Maria Tereza estava pessimista em relação ao país e lamentava ter que ver o retrocesso de 50 anos na área da conservação imposta pelo governo Bolsonaro: “O presidente que nós temos não sabe o que fala na área de conservação da natureza. É uma pena, é uma vergonha para nós todos”, disse na ocasião. Ouvi a entrevista na íntegra e retomei a conversa como se tivesse participado da primeira, mas não tocamos no tema política e falamos pouco sobre criação de unidades de conservação, o feito pela qual é mais conhecida e que possui inúmeros materiais escritos, inclusive aqui em ((o))eco. A ideia era falar mais sobre a Maria Tereza que está além da funcionária dedicada do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal que liderou a criação de mais de 20 Unidades de Conservação no país, como os Parques Nacionais da Amazônia, Cabo Orange e Serra da Canastra, além das Reservas Biológicas de Atol das Rocas, Rio Trombetas e Poço das Antas, para ficar apenas em seis exemplos.

Após algumas tentativas, finalmente a videochamada dá certo e a entrevista começa. Do outro lado da tela, vemos uma senhora de cabelos castanhos brilhosos, dona de uma gargalhada contagiante, sem se importar com as dificuldades que encontramos para a nossa entrevista iniciar. Lá estava Maria Tereza Jorge Pádua, direto do Peru, onde há mais de vinte anos passa metade do tempo – ela é casada com o ecologista peruano Marc Dourojeanni, professor emérito da Universidade Nacional Agrária de Lima. Há vinte anos, eles vivem uma rotina que é dividida entre Lima e Brasília.

Aos 80 anos de idade, Maria Tereza continua ativa. Hoje, além de palestras e artigos escritos, faz parte do Conselho da Associação O Eco, membro do Conselho da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e da comissão mundial de Parques Nacionais da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN).

Lembranças da infância, da vida acadêmica e do trabalho de conservação da biodiversidade


Bem à vontade, a conservacionista fala sobre a sua infância na cidade de São José do Rio Pardo, município a 219 km de São Paulo. Quem vê hoje a notória ambientalista, responsável pela criação de uma imensa lista de unidades de conservação em todo o país, não imagina que foi a leitura de Os Sertões, de Euclides da Cunha, o divisor de águas para sua carreira. “Eu comecei a gostar da natureza lendo Os Sertões. Quando eu o li pela primeira vez, era uma menina, tinha 12 para 13 anos. É claro que não entendi quase nada. Sou da terra onde Euclides da Cunha escreveu essa obra prima. Nasci em São José do Rio Pardo, então, sou euclidiana em tudo quanto é canto. Aquilo [o livro Os Sertões] foi extremamente importante. Então, eu recomendo para todo mundo”.


“Os Sertões foi uma porta que se abriu no meu caminho e daí eu pensei em trabalhar com Cerrado, com sertões, com flora e com fauna, isso depois de adulta e de formada. Eu lia demais. Quando mocinha, lia José de Alencar, Machado de Assis, eu adorava. Então, Os Sertões foi o livro que mais me impressionou na vida. Eu gosto de ler até hoje. Sempre gostei demais de tudo que tinha filosofia ou que tivesse qualquer coisa da área ambiental como descrição de ecossistemas, de flora, de fauna. Eu, por exemplo, adoro os livros do meu marido”, diz a ecologista, aos risos. 


Ainda sobre a sua infância, Maria Tereza lembra das vezes em que passava os dias na chácara dos avós maternos. A ambientalista lembra que o lugar ficava de frente ao rio Verde. “Eu aprendi desde cedo a ter muito amor pelas matas ripárias, as ciliares, porque nós nadávamos e pescávamos nesse rio. Eu logo comecei a gostar da mata e dos animais. Daí para trabalhar com isso foi um pulo. Sou engenheira agrônoma. Na época, era a profissão mais próxima da área ambiental. E meu primeiro emprego importante foi com conservação. Isso já faz 50 anos”.


A mãe, Gessy Jorge, era neta de italianos e o pai, Nicolau Jorge, de sírios-libaneses. Vem daí o seu gosto por culinária, sua paixão por cozinhar. “Eu cozinho muito bem. Faço comida árabe com facilidade, porque sou neta de árabes por parte de pai, e comida italiana, porque sou neta de italianos por parte de mãe. Também me dedico à culinária peruana, porque sou casada com o Marc. Eu sempre adorei doce em casa”.


Quando os seus pais se casaram, a mãe de Maria Tereza era muito nova, ia fazer 19 anos. Dos quatro filhos que tiveram, dois morreram na infância. Sobreviveram apenas Maria Tereza e o seu irmão mais novo, José Fausto Jorge, que vive na cidade de Sorocaba. Os pais trabalhavam numa rede hospitalar do Estado de São Paulo com referência em tuberculose. A mãe trabalhava no serviço administrativo de enfermagem, 0 pai era diretor administrador.


Em 1962, Maria Tereza Jorge Pádua entrou para a Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas Gerais, para cursar a faculdade de Engenharia Agronômica. Sua vida como universitária, longe dos pais, não foi fácil. 


A ambientalista enfrentou dificuldades financeiras e, como o curso de engenharia agronômica era em período integral, não conseguia trabalhar. Seus pais nunca deixaram de apoiá-la, mas ganhavam pouco e não podiam sustentar a filha universitária; moravam numa casa no próprio hospital para tuberculosos.


Durante os seus quatro anos como universitária, Maria Tereza se virou como pode e reconhece que, apesar das adversidades, teve ajuda de muitas pessoas. “Na época, eu morava na garagem de uma senhora em Lavras. Essa senhora e o irmão moravam juntos e embaixo da casa tinha uma garagem, um quartinho com um banheiro. Eu trabalhei no laboratório de solos da própria universidade. Recebia uma bolsa, que era pouco, metade de um salário-mínimo na época. Eu vivia com muitas dificuldades. Em frente à casa onde eu morava, tinha um buraco, um declive, onde eu plantava a minha horta e comia o que tinha plantado. Depois, comecei a namorar um rapaz, o pai dos meus filhos [o engenheiro agrônomo Luís Fernando Pádua], que era de uma família bem financeiramente em Lavras, e eles também me ajudaram muito”, lembra a conservacionista.


“Olha, eu fiz muitas refeições no bandejão da faculdade – declara a ambientalista aos risos – e também tinha a dona Conceição, mãe de uma grande amiga, a Sônia Maria Pereira [Wiedmann, advogada da área ambiental} que hoje mora em Brasília. A dona Conceição me esperava no portão da casa dela porque ela sabia que eu não tinha como comprar comida. Então, na hora em que subia, depois de trabalhar no laboratório de solos, ela ficava na porta, fazia eu entrar. Ela punha nas suas mesas gigantescas: café, doce, pão de queijo e dava para eu me alimentar”.


“Eu, às vezes, ficava com tanta vergonha que ia pela rua de trás, fugia de vez em quando, porque era meio vergonhoso ir todos os dias. Mas nós acabávamos nos encontrando porque Lavras era uma cidade muito pequena, todo mundo se conhecia. E teve também o pai de uma amiga, na época, o tio Romeu Alvarenga, que foi um segundo pai para mim”, lembra Maria.


Para se distrair, Maria Tereza passava no Bar do Ponto, onde parava para beber uma pinguinha, como ela mesma diz, aos risos. Mas, segundo a conservacionista, o dono do bar sabia que ela tinha dificuldades em comprar comida e sempre dava alguma coisa para ela comer. “Ele não me cobrava. Se eu comesse alguma coisa, ele ‘esquecia’ de marcar para pagar depois”.


“Eu só tenho a agradecer de ter tido a vida que tive, que dependeu de muitas pessoas boas, de bons ensinamentos, de excelentes professores. Eu não tinha carro para ir à universidade. Tinha de ser a pé. Eu andava meia hora com passo rápido, mas eu sempre penso: ‘Foi a melhor ginástica que eu fiz na vida’”, lembra.


Atrevida. Esse é o adjetivo que Maria Tereza usa para se descrever. Sem dúvida essa qualidade foi fundamental para que a conservacionista galgasse espaços que antes pertenciam somente aos homens. Estudiosa, boa aluna, conhecia muito de biodiversidade. No caminho, entretanto, teve que lidar com o machismo. Era uma das quatros mulheres em toda a universidade e a única mulher da turma de aulas práticas. A engenheira agronômica lembra que chegou a pilotar um monomotor e ouviu o gracejo : ‘Vai entrar num avião, vai manejar um trator?’. Maria, que chegou depois a dar aulas em curso de aviação, entende que isso era uma forma de vê-la como uma mocinha indefesa que precisava de proteção. 


A ecologista nunca se deixou abater e enfrentou os preconceitos de sua época. “No dia que coloquei uma calça, meu Deus do céu! O meu pai me viu e foi aquele choque violento, porque moça de boa família não andava de calça comprida”. 


“Éramos quatro mulheres em toda a Universidade Federal de Lavras. Uma é minha comadre, madrinha de um filho meu. Então, realmente é uma situação, que a gente se sentia… não digo perseguida, mas a gente se sentia vigiada. Mas tem um bom lado, muita gente nos vigiava com amor também. Tínhamos os invejosos, como sempre tem, como em qualquer lugar da sociedade. Mas eu fui mais privilegiada do que perseguida”, afirma Maria Tereza.


“Eu acho que realmente foi difícil me ver enfrentar certas situações, mas enfrentá-las me deu um gabarito excelente. Eu passei a ter muita compreensão, muito amor de pessoas e famílias”, continua a engenheira agronômica. 


E foi esse excelente gabarito que fez de Maria Tereza uma das maiores conservacionistas do mundo e pavimentadora de muitos caminhos que inspiram ambientalistas até hoje. Ao ser perguntada sobre o seu pioneirismo, Maria Tereza Jorge Pádua responde lisonjeada: “É muito chique isso. Eu acho que fui, assim, uma das primeiras, da minha época. E quem trabalhou comigo, nós tivemos, realmente, que abrir um pouco de caminho, porque naquela época ninguém se importava muito com meio ambiente, com preservação da biodiversidade. Era tudo muito diferente. Se preocupavam só com o turismo, como Cataratas do Iguaçu. Então, a preservação da biodiversidade era uma coisa que quase ninguém falava”. 


Maria Tereza se graduou em 1966. Depois de formada casou-se com Luís Fernando Pádua com quem teve três filhos: Alexandre, Cláudio Túlio e Fausto Luiz. Em 1968, mudou-se para o Rio de Janeiro e conseguiu um cargo no setor de parques nacionais do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), que havia sido criado um ano antes. O órgão precedeu o Ibama, que ela viria a presidir em 1992. 


Foi no IBDF, local onde chegou a ser secretária-geral, que Maria Tereza começou seu caminho até se tornar a “mãe das unidades de conservação”. 


Quando chegou ao IBDF, o Brasil tinha somente 15 unidades de conservação, e apenas uma na Amazônia, a Floresta Nacional de Caxiuanã. De proteção integral não havia nenhuma. Quando Maria Tereza pediu demissão em 1982, já contávamos com 63 unidades de conservação federais no país, sendo 14 de uso sustentável e 49 de proteção integral. O motivo da ambientalista entregar o cargo foi a decisão do então presidente Figueiredo de autorizar a construção de uma estrada dentro do Parque Nacional do Araguaia, no Tocantins. O projeto foi engavetado logo depois, mediante ampla campanha contrária.


Numa época em que pouco se falava em meio ambiente, criar unidades de conservação exigiu esforços, conscientização e vencer desafios. Maria Tereza tinha uma equipe pequena, de poucos recursos, então teve que pedir ajuda. A ecologista fala sobre esse começo e a elaboração de um plano de Sistemas de Unidades de Conservação no Brasil, principalmente na Amazônia. Ela destaca o papel de Kenton Miller, engenheiro florestal americano que participou do movimento conservacionista e na propagação de unidades de conservação na América Latina.


“Kenton Miller era especialista em parques nacionais nos Estados Unidos e veio fazer um trabalho no Brasil, no começo da década de 1970, já que despertava interesse na Amazônia, como vários ambientalistas no mundo”, explica a engenheira agronômica. “Ele se baseava no sistema de unidades de conservação dos Estados Unidos, mas havia trabalhado também em outros países tanto da África quanto da América Latina, como o Chile”, continua Maria Tereza.


“Eu não tenho nenhuma vergonha de falar que eu me baseei muito em Kenton Miller. Nós pagávamos consultoria para ele, mas Miller também trabalhava sem receber para fazer o sistema de parques nacionais no Brasil”. 


Até 1974, só havia uma unidade de conservação criada na Amazônia, a Flona [Floresta Nacional] no Pará. As perguntas martelavam a cabeça: como começar, onde e como com tão poucos recursos. “Vários cientistas haviam indicado centros de endemismo na Amazônia brasileira. Onde nós vamos procurar as unidades de conservação? Nos centros de endemismo que a Amazônia teve no Pleistoceno [época compreendida entre 2,5 milhões e 11,7 mil anos atrás, sendo pertencente ao Período Quaternário da Era Cenozóica], então esses centros de espécies endêmicas deram o que é a Amazônia de hoje”, explica a ambientalista.

E Maria Tereza continua: “Na época eram fotografias aéreas feitas com sobrevoos, com mapas do Inca, etc. Não eram satélites (risos). Vários institutos do Brasil tinham estudos na Amazônia. Usamos muito o Projeto Rondon [plano desenvolvimentista implementado no Governo Médici, em 1968, que levou universitários a terem contato com comunidades do Norte e Nordeste do país para implantar ações assistenciais nesses lugares]”.


Num período difícil como o regime militar, Maria Tereza afirma que se sente sortuda de conseguir implantar unidades de conservação (UC’s) nessa época. Claramente contrária à ditadura militar, mesmo assim, reconhece a participação e a ajuda de figuras como o almirante Ibsen de Gusmão Câmara e do também almirante José Luís Belart, e os descreve como ‘figuras impagáveis e inesquecíveis’ no processo de implementação das UC’s no país. Os dois almirantes foram as pontes que Maria Tereza tinha com as Forças Armadas. Tanto Ibsen quanto Belart eram apegados à ideia de se fazer unidades de conservação no país. 


De tantas unidades de conservação criadas, tem uma que não sai da mente da ecologista: a criação da Reserva Biológica (Rebio) do Rio Trombetas, no Pará, no dia 21 de setembro de 1979. Não que a Rebio seja mais importante do que tantas outras que Maria Tereza ajudou a criar. O motivo da lembrança e da emoção é que essa UC foi proposta pelo primeiro marido da ambientalista, Luís Fernando Pádua, que estudava tartarugas de água doce em Trombetas.


“No dia em que foi criado o Rio Trombetas, eu chorava. Eu fui fazer maquiagem, acho que entre seis e meia às sete da manhã. A cerimônia foi cedo. Na hora que o Figueiredo [presidente João Figueiredo] assinou o Trombetas, eu comecei a chorar e o Ibsen sentado ao meu lado falou assim: ‘Cê tá chorando lágrimas negras’. Porque eu estava pintada, tinha feito maquiagem e fiquei toda borrada. Eu com o presidente da República e tudo, ele me deu o lenço. Eu nunca devolvi o lenço. Ficou de história (risos)”, lembra Maria Tereza. 


“Mas o Rio Trombetas me emocionou demais. Eu acho que o envolvimento do Luís, de ter feito todo o trabalho lá, envolvendo os meus filhos e tal. Com a primeira unidade marinha, eu também fiquei louca, que foi Fernando de Noronha. Eu amo cada uma. Foram muitos anos, 50 anos na área. Eu tive a chance de ver muita coisa bonita. Muita coisa boa acontecer”, acrescenta a conservacionista.


Em 2016, foi contemplada com a medalha John C. Phillips, honraria existente desde 1963, concedida a personalidades que dedicaram a vida à causa da conservação. Pela primeira vez, o prêmio foi concedido ao Brasil e Maria Tereza se tornou a segunda mulher, depois de Indira Gandhi, a ser agraciada com uma das maiores honrarias na área da conservação mundial.


Embora concorde que a conscientização sobre a importância da preservação e conservação da natureza tenha melhorado ao longo das décadas, Maria Tereza afirma que, na prática, a proteção da biodiversidade deixa muito a desejar no país. “Eu sinto mais do que tudo, quando as pessoas falam de meio ambiente com um pouco de escárnio. Quando falam de fauna e flora, o escárnio é maior até. Existem pessoas que brincam: ‘‘Tá preservando bichinho, ‘plantinha’. Mas é extremamente importante nós preservarmos a biodiversidade para a nossa própria vida”.

Por Kiw Assessoria 10 mai., 2024
A Câmara Municipal de Caseara do Tocantins aprovou, no dia 26 de abril, o projeto de Lei nº 001, de 25 de março de 2024, que estabelece a inclusão dos frutos do Cerrado na merenda escolar das escolas da rede de ensino público municipal. O projeto foi proposto pela vereadora Maria Angela Gomes de Oliveira Silva, componente da Associação de Mulheres Agroextrativistas da APA Cantão (AMA Cantão), integrante do projeto Coalizão Vozes do Tocantins. A iniciativa visa valorizar o potencial econômico dos frutos do Cerrado da região, evidenciando a diversidade e a importância dos recursos naturais do Tocantins. Além disso, busca incentivar hábitos alimentares saudáveis, uma vez que os frutos do Cerrado são ricos em nutrientes, vitaminas, minerais e antioxidantes, conferindo inúmeros benefícios para a saúde. A medida também valoriza as tradições alimentares locais, proporcionando uma fonte adicional de renda para agricultores familiares e extrativistas. Ademais, fomenta práticas de gestão ambiental e promove um modelo de produção e consumo de alimentos com bases sustentáveis. Para a vereadora Maria Angela Gomes de Oliveira Silva, a aprovação representa um avanço significativo para a qualidade da merenda escolar. "Nossos alunos vão estar se alimentando de frutos de qualidade e adotando uma alimentação saudável, além da valorização dos produtos locais da nossa região", ressalta. Ela explica que, antes de se tornar lei, a proposta tinha sido sugerida ao Conselho da Alimentação Escolar, porém não avançou. Então surgiu a ideia de levar o projeto para a Câmara. "Graças a Deus, foi aprovado por unanimidade. Além disso, o presidente da Câmara também propôs o projeto de lei e espera que venha servir de exemplo para os demais municípios do Tocantins como uma alternativa aos sucos artificiais ou aqueles que são vendidos em caixas e garrafas, a maioria deles com algum tipo de conservante, aproveitando, buscando os produtos que estão na natureza e oferecem uma enorme riqueza nutricional, contribuindo para a nossa saúde", diz. O fornecimento dos frutos do Cerrado na merenda escolar, que será destinada ao consumo dos estudantes regularmente matriculados, complementando os programas já existentes para o fornecimento de merenda escolar, será custeado por dotações orçamentárias próprias, distribuídas à disponibilidade nas unidades escolares do município. Maria Angela ressalta a importância fundamental da aprovação do projeto de lei para a AMA Cantão. "Esta conquista representa um marco significativo para nossa associação, pois concretiza o sonho compartilhado por todas nós de contar com um espaço regularizado para comercializar nossos produtos. Ao ser introduzido nas escolas, o projeto não apenas garante a expansão de nossa base de clientes, mas também cultiva um novo público consumidor. O ensino precoce desses valores alimenta uma consciência desde a infância, garantindo que, à medida que cresçam, essas gerações se acostumem a utilizar nossos produtos e apoiar nossas ações”, enfatiza. "A luta pela defesa do Cerrado é uma batalha de longa data, travada há muitos anos por essas mulheres. A nova lei representa um fortalecimento significativo para a AMA Cantão e para todas as mulheres agroextrativistas, inclusive aquelas que ainda não fazem parte do grupo mas que podem se unir a essa associação", concluiu a vereadora. Foto: Freepik
Por Kiw Assessoria 02 abr., 2024
Nos dias 30 e 31 de março, cerca de 20 jovens dos Assentamentos Onalício Barros e do Acampamento Beatriz Bandeira, localizados nas proximidades do Parque Estadual do Cantão, no território da Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha do Bananal/Cantão, em Caseara/TO, reuniram-se para a 1ª Roda de Conversa do projeto JOVEM CERRADO, o que marcou um importante passo em direção ao fortalecimento das capacidades de atuação e incidência da juventude frente às questões socioambientais da região. Angélica Beatriz, voluntária da Associação Onça D'água, organização apoiadora do evento, detalha que o momento proporcionou um ambiente para a troca de experiências e aprendizado, com foco em temas de conotação emergencial como Justiça Climática, Agroextrativismo, Sustentabilidade e Comunicação Popular. “Atividades educativas não-formais foram praticadas, facilitando a compreensão da cultura política, estimulando a busca do conhecimento e do pertencimento, debatendo as interações entre os seres humanos e o ambiente natural”, aponta. A jovem Natália, do acampamento Beatriz Bandeira, conta que o espaço de diálogos trouxe muitos conhecimentos e fomentou outros, os quais irá disseminar para os outros jovens de sua comunidade. “Pude aprender muito mais sobre o Cerrado e formas de preservar a natureza e tudo o que ela proporciona em nossas vidas”, relata.
Por Angélica Beatriz 18 mar., 2024
As Unidades de Conservação da Natureza, espaços naturais legalmente protegidos, são, sem sombra de dúvidas, um dos mais importantes instrumentos para a proteção da biodiversidade e, consequentemente, para o ordenamento territorial, engajamento social e manutenção do patrimônio histórico e cultural, dentre outros. Assim, a bióloga e voluntária da Associação Onça D'água, Angélica Beatriz, deu início ao conteúdo do Catálogo de Arte Rupestre da Área de Proteção Ambiental (APA) Serra do Lajeado, reconhecendo a relevante atribuição das áreas protegidas em um contexto socioambiental e neste produto foi dada ênfase a esta APA, localizada no coração do Tocantins, nas franjas da capital do Estado. A categoria de manejo de unidade de conservação denominada "APA" traz em si a oportunidade de um justo compartilhamento de responsabilidades sobre os ambientes naturais e o seu uso sustentável por todos os segmentos que se localizam em seus limites. Sejam municípios, produtores, empresas, a sociedade como um todo, a todos cabe o cumprimento das normas estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, que tendem ao alcance do bem comum e dos direitos difusos.
Por O ECO 05 mar., 2024
Os episódios ocorridos no segundo semestre de 2023 envolvendo as queimadas na Amazônia e a política ambiental do Brasil trouxeram para o debate vários questionamentos, dúvidas e, até mesmo, ataques sobre o papel e a função das Organizações Não Governamentais (ONGs) na região, especialmente em relação ao uso de recursos do Fundo Amazônia, geridos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Neste contexto, três pontos são importantes salientar. O primeiro, é que muitas ONGs foram criadas e consolidaram seus papéis e relevância bem antes da instituição do Fundo Amazônia. O segundo, e ao contrário do que muitas pessoas pensam, é que não é tão fácil acessar os recursos do Fundo Amazônia. Os critérios para seleção e apoio são extremamente rigorosos, ou seja, somente organizações bem estruturadas e com excelente reputação e capacidade de execução conseguem ter projetos apoiados. O ponto três é que a maior fatia dos recursos internacionais advindos do fundo é destinada aos órgãos governamentais (54%) e os 43% acessados pelo terceiro setor incluem ONGs, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), entidades filantrópicas e outras formas de associação sem fins lucrativos que atuam na Amazônia. As ONGs tiveram, têm e continuarão a ter um desempenho muito importante na implementação de ações voltadas para o desenvolvimento socioambiental da Amazônia, em certos contextos, em complemento às iniciativas de melhoria da qualidade de vida e conservação dos recursos naturais em territórios e comunidades remotas, atendendo populações que estão em ambiente isolados e que não têm acesso a políticas públicas básicas, que são direitos constituídos, como saúde, educação, comunicação, energia e outros. Historicamente, as ONGs desenvolvem programas e projetos que visam atender populações em situação de vulnerabilidade social, econômica e ambiental e, na Amazônia, há diversas, mas iremos citar cinco grandes exemplos de instituições sérias e consolidadas que estão na vanguarda do desenvolvimento sustentável regional, sempre atentas ao fortalecimento das comunidades e na melhoria da qualidade de vida dos amazônidas. O primeiro exemplo vem do Oeste do Pará, em Santarém, onde está localizado o Projeto Saúde e Alegria – PSA (www.saudeealegria.org.br). Há mais de 30 anos, o projeto desenvolve ações voltadas à saúde, geração de renda, educação, cultura, inclusão digital e empreendedorismo para as populações ribeirinhas da Resex Tapajós-Arapiuns e Flona do Tapajós. As ações de saúde realizadas nessa região inspiraram políticas públicas para os biomas Amazônia e Pantanal de tão relevantes que foram os resultados. Em especial, a redução da desnutrição infantil. Recentemente, o projeto plantou mais de 73 mil mudas frutíferas e florestais para fins de reflorestamento e enriquecimento de florestas e quintais florestais; em 2019, foram 33.180 novas mudas produzidas.
Por Kiw Assessoria 01 fev., 2024
Colaboração entre ICMBio e Serviço Geológico Brasileiro viabilizou iniciativa Em parceria com o Serviço Geológico do Brasil - SGB, foi desenvolvido um acesso virtual que permite visualizar o importante acervo geológico, arqueológico e de grande biodiversidade do Parque Nacional da Serra da Capivara, unidade de conservação com sede localizada no município de São Raimundo Nonato, no interior do Piauí, que protege importante patrimônio, com alguns dos vestígios mais antigos da presença humana no Brasil e nas Américas. Pelo seu valor histórico e cultural, o Parque Nacional da Serra da Capivara foi declarado pela Organização das Nações Unidas pela Educação, Ciência e Cultura (Unesco), em 1991, Patrimônio Cultural da Humanidade. “Esta é uma iniciativa do Departamento de Gestão Territorial que visa levar informações geocientíficas de Parques Nacionais e de áreas afins para os gestores e aos visitantes dessas áreas. Dotado de uma linguagem cidadã, esperamos que este produto possa enriquecer as experiências dos visitantes e fortalecer iniciativas do Parna da Serra da Capivara”, afirma Diogo Rodrigues A. da Silva, Chefe do Departamento de Gestão Territorial – DEGET/SGB. Para a chefe da unidade de conservação, Marian Rodrigues, "o passeio virtual no Parque Nacional da Serra da Capivara é de suma importância, pois oferece acesso global à nossa rica herança cultural, possibilitando a apreciação e compreensão da região, promovendo a preservação digital e ampliando a visibilidade nacional e internacional”. O acesso ao passeio virtual pode ser feito pelo link (AQUI) que também está disponível na bio do Instagram do Parque Nacional da Serra da Capivara. Por meio dele é possível desbravar em detalhes a pré-história, a história, a biodiversidade e as pinturas rupestres gravadas nos diversos paredões da unidade. Fonte: ICMBio
Por Kiw Assessoria 07 dez., 2023
Campanha pretende sensibilizar comunidade internacional para a importância de preservar o Cerrado e seus povos e comunidades
Por Amanda Riesemberg 24 nov., 2023
A Associação Onça D'Água realizou, no último dia 18 de novembro, uma Oficina de Elaboração de Projetos como parte integrante do projeto "Redes de Iniciativas Produtivas Sustentáveis em Áreas de Proteção Ambiental no Tocantins". Essa iniciativa atendeu a uma demanda dos beneficiários da APA Serra do Lajeado e da região das Serras Gerais, visando fortalecer as práticas de gestão organizacional por meio da submissão de projetos em editais de potenciais financiadores no campo socioambiental. Sob a orientação das profissionais Angélica Beatriz e Ediclea Araújo, voluntárias e membros do Conselho Administrativo da Onça D'Água, a oficina adotou uma abordagem prática, baseada na premissa de "aprender fazendo". Os participantes foram incentivados a construir suas propostas por meio de processos de construção do conhecimento, debates colaborativos e entendimento das demandas locais.
Por Aldem Bourscheit 22 nov., 2023
O Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e ((o))eco estimaram em primeira mão quanto carbono há na vegetação das unidades de conservação terrestres no país. O trabalho conecta as agendas globais de proteção do clima e da biodiversidade. Parques e outras reservas ecológicas federais, estaduais e municipais, em terras públicas e privadas, cobrem por volta de 18% do território continental ou quase 1,6 milhão de km2 na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa. A área é similar à do Amazonas. Essas reservas compõem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) , cujas principais atribuições incluem manter a biodiversidade e os recursos genéticos do país. Mas, esse patrimônio público também é peça-chave para equilibrar o clima. A vegetação acima e abaixo do solo nessas áreas guarda ao menos 19 gigatoneladas (Gt) de carbono, análogas a 28 anos de emissões nacionais de CO2, gás que amplia o efeito estufa e eleva a temperatura global. Em 2021, o país emitiu 2,42 Gt de CO2 equivalente , taxa que reúne outros gases que afetam o clima. “É fundamental essa conversa entre as agendas climática e de biodiversidade no Brasil, onde as perdas de vegetação nativa são a maior fonte de emissões de gases-estufa”, destaca Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam e doutora em Recursos Florestais e Conservação pela Universidade da Flórida.
Por Sarah Pires 06 nov., 2023
Numa busca conceitual para compreender a dimensão do termo “voluntariado” ou sobre aquele que pratica o voluntariado, encontrei uma diversidade de definições e destaquei algumas que me chamaram a atenção, por exemplo esta, de autoria de Mônica Corullón (Voluntários-Programa de estímulo ao trabalho voluntário no Brasil. São Paulo: Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, 1996): “O voluntário é um ator social e agente de transformação , que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade, doando seu tempo e conhecimentos, realizando um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário , atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais , sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional”. Seguindo a busca, fui instigada a ir mais além e tentar compreender as motivações daqueles que se dedicam ao voluntariado e encontrei uma lista longa de motivos, dentre eles dois de muito significado para mim (da mesma autora citada acima), que são: a doação de tempo e esforço como resposta a uma inquietação interior que é levada à prática (cunho pessoal), e a tomada de consciência dos problemas ao se enfrentar com a realidade, o que leva à luta por um ideal ou ao comprometimento com uma causa (cunho social). A autora descreve ainda que “o potencial transformador das atitudes voluntárias representam o crescimento interior do próprio indivíduo ”. Outro autor, Miguel Darcy de Oliveira (Centros de voluntários: transformando necessidades em oportunidades de ação. São Paulo: Programa Voluntários do Conselho da Comunidade Solidária) , diz o seguinte: “O voluntariado que nasce deste encontro da solidariedade com a cidadania não substitui o Estado nem se choca com o trabalho remunerado mas exprime, isto sim, a c apacidade da sociedade de assumir responsabilidades e de agir por si mesma ” E mais: “O trabalho voluntário é também, cada vez mais, uma via de mão dupla: não só generosidade e doação, mas também abertura a novas experiências , oportunidade de aprendizado, prazer de se sentir útil , criação de novos vínculos de pertencimento, afirmação do sentido comunitário ” E como se dá o voluntariado e quantos são no Brasil? Como isso acontece? Algumas respostas a esses questionamentos foram encontradas no e-book intitulado “Voluntariado no Brasil: duas décadas de transformação”, pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha e Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social – IDIS, lançado no ano de 2022, que revelou que o percentual da população brasileira que já praticou o voluntariado em algum momento de sua vida passou de 18% em 2001 para 56% em 2021, registrando um total de 57 milhões de voluntários ativos.
Por Kiw Assessoria 25 out., 2023
Material é fruto da cooperação técnica entre a Associação Onça D’Água e o WWF Brasil O catálogo reúne a história, as tradições e os produtos da Associação Comunitária Quilombola dos Extrativistas, Artesãos e Pequenos Produtores do Povoado Do Prata; da Associação de Artesãos e Extrativistas do Povoado do Mumbuca; e da Associação Comunitária dos Artesãos e Pequenos Produtores de Mateiros (ACAPPM). A cooperação técnica entre a Associação Onça D’Água e o WWF Brasil alavancou uma série de iniciativas para o fortalecimento do Manejo Integrado do Fogo (MIF) e da Sociobiodiversidade em comunidades rurais da região do Jalapão. Neste mês, a parceria entrega seu último produto: um catálogo digital elaborado conjuntamente com as associações beneficiárias do projeto. “A existência dos catálogos fortalece a divulgação e a venda dos produtos, facilita a comunicação com clientes no Brasil e em outros países, além de mostrar a história de cada associação e os demais serviços ofertados pelas comunidades, como os festejos, o Turismo de Base Comunitária e os produtos da agricultura familiar e do extrativismo sustentável do Cerrado”, explica a coordenadora do projeto, Cassiana Moreira.
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